O governo de Israel formalizou, na manhã desta quinta-feira (6 de fevereiro de 2025), sua saída do Conselho de Direitos Humanos (CDHda ONU, seguindo a decisão dos Estados Unidos, que haviam deixado o conselho dois dias antes, na terça-feira (4 de fevereiro). A saída foi oficializada em uma carta enviada pelo ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, ao presidente do CDH, Jürg Lauber, na qual o governo israelense justifica sua decisão com base em um alegado “viés institucional” contra o país.
Sa’ar afirmou, no documento, que o Conselho se transformou em uma "plataforma política" utilizada para "atacar e deslegitimar" Israel, com um número considerável de resoluções condenatórias aprovadas ao longo dos anos. Segundo o ministro, mais de 100 resoluções contra Israel foram adotadas pelo CDH, o que representa cerca de 20% de todas as resoluções aprovadas pelo órgão. Para ilustrar a dimensão do que considera uma perseguição, Sa’ar destacou que esse número supera o total de resoluções direcionadas a países como Irã, Cuba, Coreia do Norte e Venezuela, combinados.
Além disso, o ministro criticou especificamente o Item 7 da agenda do CDH, que é dedicado exclusivamente a discutir questões relativas a Israel, enquanto outras crises globais de direitos humanos são debatidas de forma geral e abrangente. Esse item tem sido alvo de críticas por muitos países, que o consideram um reflexo do tratamento desigual dado a Israel em comparação com outros países com históricos problemáticos em relação aos direitos humanos.
A decisão de Israel de se retirar do CDH é vista como uma medida de protesto contra o que o país considera um tratamento injusto e um foco desproporcional em suas ações, ao mesmo tempo em que outras violações de direitos humanos por outros estados permanecem amplamente ignoradas. A saída de Israel segue a linha de confrontos diplomáticos com o Conselho, e sua postura pode ter implicações nas futuras interações do país com a ONU.
A retirada de Israel do CDH ocorre em um contexto de crescente tensão política e diplomática, com países como os Estados Unidos adotando posturas mais isolacionistas e críticas ao funcionamento de certos órgãos internacionais, o que pode sinalizar uma mudança nas alianças e no papel de organizações como a ONU nas próximas décadas.
Essa decisão de Israel é um reflexo das tensões contínuas no cenário internacional sobre o papel da ONU na resolução de conflitos e na promoção dos direitos humanos, e deverá continuar gerando debates sobre a eficácia e imparcialidade das organizações internacionais.