Na madrugada desta terça-feira (13), a Polícia Civil da Bahia deflagrou uma operação em diversos bairros de Salvador e Região Metropolitana que resultou na prisão de cinco suspeitos de envolvimento direto no assassinato do investigador Alexandre Silva, ocorrido em abril deste ano. O crime, segundo as investigações, foi motivado por um acerto de contas de uma facção criminosa ligada ao tráfico de drogas, que teria confundido a vítima com outro alvo.
Alexandre estava de folga e visitava familiares no bairro de São Marcos quando foi atingido por múltiplos disparos em frente a um quiosque. Segundo apuração do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o grupo monitorava a região em busca de um suposto “X9” — um morador acusado de repassar informações à polícia. A semelhança física entre o investigador e o alvo real teria sido determinante para o ataque, ocorrido de forma brutal e em plena luz do dia.
A operação contou com a participação de 120 agentes, que cumpriram 11 mandados de busca e apreensão. Além das prisões, foram apreendidas três armas de fogo, munições, celulares e cadernos com anotações financeiras ligadas ao tráfico. De acordo com a delegada Andréa Ribeiro, coordenadora do DHPP, a ação representa um passo importante para a responsabilização dos envolvidos, mas ainda há integrantes do grupo foragidos. “Estamos avançando com base em inteligência e cruzamento de dados. O crime organizado não pode se sentir impune ao atacar servidores públicos”, afirmou.
A morte de Alexandre causou comoção na corporação e levou a protestos por parte de associações de policiais civis, que reclamam da vulnerabilidade da categoria e da falta de investimento do governo estadual em equipamentos de proteção e inteligência investigativa. Entidades também cobram uma política de valorização da carreira, que acumula déficit funcional e baixos índices de resolução de homicídios.
O governador Jerônimo Rodrigues não se pronunciou diretamente sobre a operação, mas a SSP-BA divulgou nota ressaltando o compromisso com o combate ao crime organizado. No entanto, opositores políticos afirmam que o caso evidencia a fragilidade da política de segurança atual, que estaria mais focada em estatísticas do que em mudanças estruturais.
A polícia segue em diligências para localizar os demais suspeitos e espera que as provas coletadas na operação fortaleçam a denúncia que será encaminhada ao Ministério Público nas próximas semanas.