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Crise no abastecimento de água em bairros de Salvador expõe falhas na gestão hídrica da Embasa e provoca indignação popular

Publicada em: 14/05/2025 12:30 - Notícias

Moradores de diversos bairros de Salvador, como Cajazeiras, Valéria, Itapuã, Boca do Rio e São Marcos, enfrentam uma crise no abastecimento de água que já dura mais de 10 dias. O fornecimento intermitente e a falta de transparência nas informações por parte da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasatêm gerado revolta e protestos em comunidades afetadas. Em algumas localidades, há relatos de famílias que passaram mais de uma semana sem acesso regular à água potável, recorrendo a baldes de vizinhos ou a caminhões-pipa pagos do próprio bolso.

A Embasa, em nota oficial divulgada nesta terça-feira (14), atribuiu os transtornos a uma “intervenção emergencial” no Sistema Integrado de Abastecimento de Água de Salvador (SIAA), afetado por panes em equipamentos elétricos e hidráulicos nas estações de tratamento. A empresa prometeu normalizar o fornecimento em 72 horas, mas não apresentou cronograma detalhado nem medidas alternativas durante o período de instabilidade.

O Ministério Público da Bahia (MP-BAinstaurou um inquérito civil para apurar possível negligência da Embasa e exigiu que a empresa informe, no prazo de cinco dias úteis, quais ações foram adotadas para mitigar os impactos sobre a população. O MP também requisitou dados sobre as áreas mais afetadas, a logística de distribuição de água emergencial e os contratos com empresas terceirizadas de manutenção.

Movimentos populares e associações de moradores apontam que a crise expõe um problema recorrente de má gestão e falta de investimento em infraestrutura hídrica. “Não é a primeira vez que bairros populares ficam sem água por dias. Enquanto o governo gasta milhões em publicidade, a população mais pobre é quem sofre”, declarou Elenilda Rocha, líder comunitária de Cajazeiras.

Especialistas em engenharia sanitária destacam que o sistema da Embasa opera há anos com sobrecarga e obsolescência tecnológica. “O abastecimento está vulnerável a qualquer falha e falta planejamento de longo prazo”, afirmou o professor João Salles, da Escola Politécnica da UFBA.

A Defensoria Pública da Bahia informou que poderá entrar com ação coletiva caso não haja resposta rápida e eficaz da empresa. Já a oposição na Assembleia Legislativa pediu a convocação do presidente da Embasa para prestar esclarecimentos em audiência pública. Enquanto isso, a rotina de milhares de soteropolitanos segue sendo afetada por torneiras secas, filas por baldes d’água e aumento do risco de doenças sanitárias.

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