O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município de Salvador (APLB-Sindicatoanunciou, nesta sexta-feira (23), uma paralisação por tempo indeterminado dos professores da rede municipal. A decisão foi tomada após mais uma rodada de negociação fracassada com a Secretaria Municipal da Educação (SMED), que se recusou a conceder o reajuste salarial reivindicado pela categoria, além de não apresentar um cronograma de pagamento retroativo dos direitos atrasados.

Segundo o sindicato, a paralisação é reflexo do “desgaste acumulado por anos de promessas não cumpridas e de congelamento salarial”, além da sobrecarga de trabalho e da falta de estrutura física em muitas escolas. Entre as principais pautas estão o reajuste de 15% nos vencimentos, regularização de contratos temporários, retorno imediato das reformas em unidades com salas interditadas e o cumprimento do piso nacional do magistério.

Pais de alunos demonstraram preocupação com a suspensão das aulas, sobretudo em bairros periféricos, onde a escola representa também um espaço de alimentação e acolhimento. A paralisação afeta diretamente mais de 140 mil estudantes da rede pública municipal, e o número pode crescer com a adesão de outros profissionais da educação, como merendeiras, porteiros e coordenadores.

A SMED, por sua vez, classificou o movimento como “inoportuno” e alegou que o município enfrenta limitações fiscais que impedem a concessão do reajuste no momento. Em nota oficial, a pasta afirmou que continua aberta ao diálogo, mas que irá acionar a Procuradoria-Geral do Município para avaliar medidas legais contra o que chamou de “interrupção injustificada do serviço essencial”.

Representantes da APLB criticaram a postura da gestão Bruno Reis (União Brasil), afirmando que o discurso de austeridade não se sustenta diante do crescimento da arrecadação municipal. “Há dinheiro para eventos milionários e publicidade, mas falta investimento no que é essencial: o futuro da cidade, que são as crianças”, declarou a coordenadora Marilene Betros.

Com a greve já em curso, a categoria promete intensificar a mobilização com passeatas no Centro de Salvador e vigílias em frente à prefeitura. A população, por sua vez, se divide entre o apoio às reivindicações dos professores e a preocupação com os prejuízos à aprendizagem dos alunos.